As flores são verdadeiras obras-primas da natureza que fascinam não só os insetos e outros animais para a função de polinização, como também os seres humanos. Nós comercializamos, estudamos, ou, simplesmente, admiramos as belezas e características de cada espécie. Mas nem sempre há tanta beleza ou bons aromas a serem contemplados, e a flor-cadáver é um exemplo de que “nem tudo são flores” no reino da botânica.
Em um momento raro, recentemente um exemplar dessa espécie desabrochou no Jardim Botânico da Universidade da Califórnia (UC), em Berkeley, nos Estados Unidos, e atraiu milhares de visitantes. Entretanto, não são as cores nem muito menos o cheiro gostoso que atrai as pessoas. Pelo contrário: é justamente um "odor podre" que faz essa espécie ser tão atrativa.
A Amorphophallus titanium, ou flor-cadáver, leva o apelido em função do cheiro de carne podre que emite para atrair insetos, como moscas e besouros, a fim de garantir a polinização para se reproduzir. Aparentemente, o odor é realmente muito ruim e não se permite ser associado a nada que não seja "morto".
“É difícil descrever o cheiro. Há tempos eu digo que lembra um mamífero morto como um rato, um cachorro ou uma vaca. Há quem diga que parece peixe morto”. De qualquer forma, o cheiro desagradável só aparece nos períodos em que a flor desabrocha, o que pode levar vários anos para acontecer.
A flor-cadáver é originária da Sumatra, na Indonésia, e é rara. A espécie está ameaçada de extinção em função dos desmatamentos das florestas tropicais. Apresentando centro amarelo com pétalas roxas, é uma das maiores espécies de flores do mundo, podendo chegar a medir quase 2,5 metros de altura. Quando ela desabrocha, na primeira noite, a planta tem a capacidade de aumentar a temperatura de sua parte amarela, chegando aos 36,6 graus Celsius, para ajudar na propagação do mau odor, segundo informações do setor de Ciências Biológicas da Universidade de Ohio.
A grande flor gerada pela Amorphophallus concentra uma enorme quantidade de energia, fato que explica o tempo esparso de desabrochamento. E quando a planta atinge esse estágio, não demora muito para a flor morrer e ela voltar à sua forma comum, que é bastante simples. Durante a maior parte da vida de uma flor-cadáver, sua aparência é bem sutil e repete ciclos. Por exemplo, no primeiro ano e meio de vida, enquanto a raiz cresce, só é possível observar uma pequena folha na superfície.
Após cada folha que morre, a planta fica dormente por seis meses até que uma nova folha apareça. Assim, vai repetindo ciclos até que a primeira flor desabroche, o que é impossível prever, mas que há registros de que pode levar até 10 anos para acontecer. E isso é tudo o que se sabe sobre as flores-cadáver, pois, não se tem muitos estudos sobre essa espécie justamente pela imprevisibilidade de seu ciclo de vida.
“Infelizmente, nós não temos muitas informações sobre essa planta e seu habitat na Sumatra. Não sabemos quantos exemplares ainda restam, não sabemos o quanto vivem, não sabemos quantos anos elas precisam ter para que desabrochem, bem como com que frequência e em que época do ano isso acontece.
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