Todo mundo já teve essa sensação de que algo ruim pode acontecer, muitas vezes acompanhada por "batedeira no peito", suor ou "embrulho no estômago". A ansiedade tem sintomas similares ao medo, estado que possui uma função importantíssima para a sobrevivência e adaptação ao ambiente. É o que nos permite lutar ou fugir, por exemplo, diante de alguém que não respeita a lei ou de um motorista que não viu o sinal ficar vermelho.
Além de motivos concretos para se preocupar, como assaltos, trânsito caótico, desemprego e doenças, cada indivíduo tem suas ameaças pessoais, ou "encanações", que podem até não fazer muito sentido quando analisadas à luz da razão: se o filho não come verdura, não significa que vai adoecer. Se o marido chega tarde, não significa que tem uma amante. Algumas pessoas ainda chegam a passar mal, ou reagem de forma "desadaptativa", a situações ou objetos que os outros consideram comuns ou até divertidos, como shoppings lotados, eventos sociais, aviões ou pontes.
Quando a reação é tão intensa que nos impede de nos proteger e lutar de forma eficaz, é desproporcional ao estímulo ou torna-se crônica, há enorme sofrimento e perdas - é quando a ansiedade vira doença. Além do chamado transtorno de ansiedade generalizada (TAG), existem outros, como pânico, fobias e ansiedade social. O estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) também são classificados como transtornos de ansiedade.
Quais os sintomas de quem sofre de ansiedade?
As manifestações envolvem desde sensações subjetivas de medo e apreensão, além de pensamentos catastróficos e sintomas físicos. O corpo todo pode ser afetado pela liberação de substâncias como a noradrenalina e o cortisol, que ativam a atenção, aumentam a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos para preparar o organismo para reagir. Sem perceber, a pessoa inala mais ar do que precisa (hiperventilação), o que piora tudo: "Diminui muito o nível de gás carbônico no sangue, acionando receptores que ficam nas carótidas e que mandam sinais equivocados ao cérebro", relata Fernanda Sassi, médica do ambulatório de transtorno de personalidade e do impulso do IPQ - HC/FMUSP.
Sintomas psicológicos:
- Apreensão
- Medo
- Angústia
- Inquietação
- Insônia
- Dificuldade de concentração
- Incapacidade de relaxar
- Sensação de estar "no limite"
- Preocupações com desgraças futuras
- Pensamentos catastróficos, de ruína ou adoecimento
Sintomas físicos:
- Sudorese
- Falta de ar
- Hiperventilação
- Boca seca
- Formigamento
- Náusea
- "Borboletas" no estômago
- Ondas de calor
- Calafrios
- Tremores
- Tensão muscular
- Dor no peito
- Taquicardia (coração acelerado)
- Sensação de desmaio
- Tonturas
- Urgência para ir ao banheiro
Diferentes transtornos de ansiedade
Ansiedade generalizada: preocupação intrusiva, quase que diária, relacionada a eventos corriqueiros. A ansiedade infantil pode estar ligada à performance na escola, ou ao medo de terremotos, guerras ou fantasmas, enquanto adultos tendem a se preocupar mais com trabalho, dinheiro, responsabilidades, atrasos e doenças. Dores musculares, cefaleias e problemas gastrointestinais são consequências comuns.
Fobia social: medo ou ansiedade paralisante quando a pessoa é exposta em um ambiente social, ou deve fazer algo em público, como apresentar um trabalho, assinar um cheque ou sair com um pretendente. É o que as pessoas chamam de timidez patológica.
Fobias especificas: pode ser definida como um medo irracional e exagerado de determinados objetos, seres ou personagens, (como aranhas, baratas, agulhas, palhaços etc), ou de situações (como lugares altos, avião, multidões etc). O paciente chega a evitar até fotos ou, no caso das crianças, brinquedos que representem esses gatilhos.
Pânico: a pessoa experimenta períodos de retorno à rotina e "normalidade", mas, de repente, sem motivo aparente, tem uma crise que dura alguns minutos e tem a sensação de que vai morrer, enlouquecer ou perder o controle. Dor no peito, falta de ar, taquicardia, formigamento e sensação de desmaio são alguns sintomas que costumam acompanhar os ataques.
Agorafobia: caracteriza-se por medo de aglomerações ou de situações onde conseguir socorro seria muito difícil, por exemplo em túneis, elevadores ou num show lotado. A pessoa passa a restringir sua vida para evitar situações que despertem esse medo, que, ao ser deflagrado, com frequência termina em uma crise de pânico.
Transtorno obsessivo compulsivo: doença na qual estão presentes primordialmente dois sintomas - os pensamentos intrusivos e os rituais para amenizá-los, que podem ser de limpeza (lavar as mãos o tempo todo), organização (arrumar quadros, não pisar em linhas), verificação (checar se trancou a porta várias vezes), repetir palavras ou fazer contas mentalmente, para citar apenas alguns exemplos. Se a pessoa não faz aquilo, sente que algo de muito ruim vai acontecer.
Transtorno de estresse pós-traumático: desenvolve-se após uma experiência traumática (como assalto, guerra, acidente de carro, sequestro etc) em que a vida da pessoa ou de outros fica ameaçada. Mesmo depois de dias, meses ou anos, a pessoa revive o episódio e sente angústia, ansiedade e sintomas físicos, como se estivesse de novo no momento original. Geralmente a crise tem um fator desencadeante que remete a pessoa à situação original de estresse.
Crise de ansiedade e de pânico são a mesma coisa?
São praticamente sinônimos, e se referem aos sintomas agudos como taquicardia, suor, falta de ar, formigamento, medo de perder o controle, enlouquecer ou morrer. Mas o transtorno de pânico é uma doença com características específicas: "Os ataques de pânico precisam ocorrer por pelo menos um mês, e, além dos ataques recorrentes e inesperados, há preocupações persistentes com novos ataques ou aquilo que eles possam causar, e comportamentos para evitá-los.
Hábitos saudáveis: as atividades físicas são de extrema importância para quem sofre de ansiedade, pois ajudam o corpo a liberar substâncias que promovem bem-estar, além de distrair a mente e melhorar o sono. Vale lembrar que pessoas que sofrem de pânico tendem a evitar atividades que aceleram o coração, o que pode prejudicar muito o condicionamento e a saúde delas. Atividades ou jogos que exigem concentração também podem ter um um efeito de "treino mental" contra a ansiedade. Outras, como futebol ou dança, têm a vantagem de estimular a socialização.
As recomendações gerais dos especialistas incluem: ter uma dieta saudável, rica em vitaminas e minerais; aprender a equilibrar trabalho e descanso; controlar a exposição aos eletrônicos, principalmente à noite; evitar o excesso de álcool, café, cigarro e outros estimulantes; e levar o sono a sério (dormir mal também colabora para o excesso de hormônios do estresse, o que só agrava o quadro de ansiedade). Todos esses bons hábitos também funcionam como prevenção para os transtornos ansiosos.
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